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O Rock morreu?

Não, o rock não morreu. Mas a cada década que passa, estão tentando matar o coitado. Sem dó ou piedade. Este não é o ritmo mais popular por essas bandas ultimamente, mas prossegue em sua caminhada em mais de seis décadas de vida. Desde a minha juventude, ouço esta frase e sigo sem concordar. Não acredito que o rock desempenhado na década passada seja melhor que esta. Ou o que foi feito nos anos 70 é superior do que foi realizado nos anos 60. Quando eu ouço/leio algo sobre a morte do rock, creio que a pessoa está ficando velha e não se conforma com esta realidade. Não consegue ir num festival e abrir a cabeça para bandas novas. Não se arrisca em conhecer algo numa playlist. Não quer sair de sua zona de conforto. Não adianta culpar o rock.

Pra quem procurar no Google ‘Rock is Dead?’ vai acabar esbarrando em uma entrevista do Gene Simmons, linguarudo e fundador do Kiss (uma das maiores bandas de rock de toda a história da humanidade), sentenciando a morte da música que transformou a sua vida e de muitas pessoas. Dentre os diversos fatores que o faz crer no sepultamento do estilo, Simmons indica que a música digital foi o grande responsável por isso. Desculpe, mestre: você está bem errado. Qualquer pessoa que queira fazer um e pensar num cenário de 40 atrás, vai quebrar a cara. Não existe aquele roteiro cinematográfico de reunir uns amigos na garagem, gravar uma ‘fita-demo’, ir atrás de uma gravadora, ganhar uma parruda proposta e cair na estrada para curtir.

Se for pensar desta maneira, não é apenas o rock que está morto. Pode pegar o pop, reggae, jazz, samba e qualquer estilo que tenha mais de 50 anos de idade. Eu acho muito estranho sobre quem diz gostar de rock e, quando perguntado (a), e a pessoa responder apenas uma banda como o Foo Fighters, por exemplo. Nada contra o Dave Grohl, mas eu tenho quase certeza que deve ter aparecido algum nome interessante de 1994 para cá, não? Para quem é um pouco mais novo, não titubeia em falar que o bom rock e novo rock é representado pelo Arctic Monkeys, que tem mais de uma década de carreira.

O assunto fica ainda mais complicado quando falamos sobre o panorama atual do rock nacional. Você pode conhecer até o Scalene e o Supercombo. As duas bandas participaram do Superstar e ganharam uma boa projeção pelo Brasil afora. A sua massa cinzenta pode até buscar alguns nomes roqueiros como NX Zero, Pitty, Fresno e, até mesmo, Restart. Mas fazer uma lista com mais de cinco nomes parece ser uma tarefa árdua.

Eu perguntei para alguns amigos sobre qual foi a última banda de rock nacional que eles curtiram nos últimos tempos e ouvi respostas nostálgicas como Planet Hemp, Los Hermanos, Charlie Brown e Raimundos. Nada mais natural para quem nasceu no fim dos anos 80. Nesta época o rock tinha entrada em programas dominicais como Silvio Santos ou Faustão e lotava estádios. Os jovens daquela época sentiam a necessidade de quebrar o ciclo com as gerações anteriores, especialmente com a da tal MPB. O rock foi a resposta na medida certa.

A culpa do rock nacional não ser tão popular e estar quase morrendo é por conta dos meus amigos tiozinhos? Acho que não. Pra quem não consome música de forma desenfreada, é impactado pelo o que toca na rádio, televisão e o que rola nos principais festivais do calendário. O fato deles não conhecerem lhufas do que está acontecendo é muito por conta deste consumo superficial. Eu acho que para muitos esta renovação não tem que existir.

Em 2011, eu estava no Rock in Rio e vi de perto este comportamento. No dia do Metallica e Slipknot, a curadoria do festival colocou o Gloria para dar um ar novo. A escalação sempre tem os mesmos nomes de carteirinha. Enfim, fui para um pouco mais perto da grade e, antes mesmo de começar, os presentes já estava vaiando e alguns insistiam em gritar: “Fora, emo!”. Os ânimos ficavam mais calmos quando tinha algum solo de bateria ou um cover. Por que uma banda causou tanta estranheza para os presentes? Não estou entrando no mérito se eles são bons ou horríveis, mas nunca vi uma recepção com aquela.

Esta estranheza aconteceu por aquela banda tirar a zona de conforto dos presentes? Quando fechei o assunto desta semana, comecei a ouvir um pouco das rádios que ainda executam rock em São Paulo. Tirando Arctic Monkeys e Cage the Elephant, a programação poderia estar, facilmente, nos anos 90. Eu até lembrei um pouco do Gene Simmons sobre desestimular as bandas novas de rock, o espaço é incrivelmente pequeno. Mas o jogo não é este.

O papel do rock em 2016 é completamente diferente de quando nasceu, nos idos dos anos 1950. Se hoje o ritmo que causa calafrios nos pais é o funk, o rock causava o mesmo impacto nesta época. Ser um ritmo incômodo, falar de assuntos de forma direta e ter apelo sexual. Certa vez, Chuck Berry disse: “Por que jovens gostam de rock? Ora, porque os pais não gostam, é claro!”.

Enquanto tivermos pessoas tocando em algum canto, de corpo e alma, o rock não vai morrer.




Fonte: Postado em: 13-07-2016


O Rock morreu?

Não, o rock não morreu. Mas a cada década que passa, estão tentando matar o coitado. Sem dó ou piedade. Este não é o ritmo mais popular por essas bandas ultimamente, mas prossegue em sua caminhada em mais de seis décadas de vida. Desde a minha juventude, ouço esta frase e sigo sem concordar. Não acredito que o rock desempenhado na década passada seja melhor que esta. Ou o que foi feito nos anos 70 é superior do que foi realizado nos anos 60. Quando eu ouço/leio algo sobre a morte do rock, creio que a pessoa está ficando velha e não se conforma com esta realidade. Não consegue ir num festival e abrir a cabeça para bandas novas. Não se arrisca em conhecer algo numa playlist. Não quer sair de sua zona de conforto. Não adianta culpar o rock.

Pra quem procurar no Google ‘Rock is Dead?’ vai acabar esbarrando em uma entrevista do Gene Simmons, linguarudo e fundador do Kiss (uma das maiores bandas de rock de toda a história da humanidade), sentenciando a morte da música que transformou a sua vida e de muitas pessoas. Dentre os diversos fatores que o faz crer no sepultamento do estilo, Simmons indica que a música digital foi o grande responsável por isso. Desculpe, mestre: você está bem errado. Qualquer pessoa que queira fazer um e pensar num cenário de 40 atrás, vai quebrar a cara. Não existe aquele roteiro cinematográfico de reunir uns amigos na garagem, gravar uma ‘fita-demo’, ir atrás de uma gravadora, ganhar uma parruda proposta e cair na estrada para curtir.

Se for pensar desta maneira, não é apenas o rock que está morto. Pode pegar o pop, reggae, jazz, samba e qualquer estilo que tenha mais de 50 anos de idade. Eu acho muito estranho sobre quem diz gostar de rock e, quando perguntado (a), e a pessoa responder apenas uma banda como o Foo Fighters, por exemplo. Nada contra o Dave Grohl, mas eu tenho quase certeza que deve ter aparecido algum nome interessante de 1994 para cá, não? Para quem é um pouco mais novo, não titubeia em falar que o bom rock e novo rock é representado pelo Arctic Monkeys, que tem mais de uma década de carreira.

O assunto fica ainda mais complicado quando falamos sobre o panorama atual do rock nacional. Você pode conhecer até o Scalene e o Supercombo. As duas bandas participaram do Superstar e ganharam uma boa projeção pelo Brasil afora. A sua massa cinzenta pode até buscar alguns nomes roqueiros como NX Zero, Pitty, Fresno e, até mesmo, Restart. Mas fazer uma lista com mais de cinco nomes parece ser uma tarefa árdua.

Eu perguntei para alguns amigos sobre qual foi a última banda de rock nacional que eles curtiram nos últimos tempos e ouvi respostas nostálgicas como Planet Hemp, Los Hermanos, Charlie Brown e Raimundos. Nada mais natural para quem nasceu no fim dos anos 80. Nesta época o rock tinha entrada em programas dominicais como Silvio Santos ou Faustão e lotava estádios. Os jovens daquela época sentiam a necessidade de quebrar o ciclo com as gerações anteriores, especialmente com a da tal MPB. O rock foi a resposta na medida certa.

A culpa do rock nacional não ser tão popular e estar quase morrendo é por conta dos meus amigos tiozinhos? Acho que não. Pra quem não consome música de forma desenfreada, é impactado pelo o que toca na rádio, televisão e o que rola nos principais festivais do calendário. O fato deles não conhecerem lhufas do que está acontecendo é muito por conta deste consumo superficial. Eu acho que para muitos esta renovação não tem que existir.

Em 2011, eu estava no Rock in Rio e vi de perto este comportamento. No dia do Metallica e Slipknot, a curadoria do festival colocou o Gloria para dar um ar novo. A escalação sempre tem os mesmos nomes de carteirinha. Enfim, fui para um pouco mais perto da grade e, antes mesmo de começar, os presentes já estava vaiando e alguns insistiam em gritar: “Fora, emo!”. Os ânimos ficavam mais calmos quando tinha algum solo de bateria ou um cover. Por que uma banda causou tanta estranheza para os presentes? Não estou entrando no mérito se eles são bons ou horríveis, mas nunca vi uma recepção com aquela.

Esta estranheza aconteceu por aquela banda tirar a zona de conforto dos presentes? Quando fechei o assunto desta semana, comecei a ouvir um pouco das rádios que ainda executam rock em São Paulo. Tirando Arctic Monkeys e Cage the Elephant, a programação poderia estar, facilmente, nos anos 90. Eu até lembrei um pouco do Gene Simmons sobre desestimular as bandas novas de rock, o espaço é incrivelmente pequeno. Mas o jogo não é este.

O papel do rock em 2016 é completamente diferente de quando nasceu, nos idos dos anos 1950. Se hoje o ritmo que causa calafrios nos pais é o funk, o rock causava o mesmo impacto nesta época. Ser um ritmo incômodo, falar de assuntos de forma direta e ter apelo sexual. Certa vez, Chuck Berry disse: “Por que jovens gostam de rock? Ora, porque os pais não gostam, é claro!”.

Enquanto tivermos pessoas tocando em algum canto, de corpo e alma, o rock não vai morrer.




Fonte: Postado em: 13-07-2016
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